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Fortaleza, CE, Brazil
Isto não é um blog de moda, são apenas pensamentos de uma Publicitária que gosta de moda.
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domingo, 22 de agosto de 2010

Sem frescura

Vamos começar do início: O que seria a frescura, então?

s.f. Qualidade daquilo que é ligeiramente ou agradavelmente frio: a frescura de uma tarde de outono.
Pop. Certo ar de feminilidade; efeminação.


Bom, pegarei o significado popular para ilustrar minha situação. Não será nada abrangente, pelo contrário; até porque vocês e eu temos muitas frescuras, e quem diz que não tem, é um grande MENTIROSO. Falarei basicamente das frescuras que ocorrem por disparidades sociais.

Eu sou uma jovem de classe média, que mora em um bairro que em sua predominância é considerado subúrbio. Venho de uma família humilde, e meus pais chegaram até a passar fome. Hoje venceram na vida, e são meu grande motivo de orgulho. Sou formada por uma das melhores universidades particulares, e graças a Deus luto muito para conquistar meu lugar ao sol e meus objetivos. Por conta de meus pais sempre investirem muito para que eu sempre tivesse o melhor, acabei por conviver em ambientes privilegiados com pessoas de classes sociais bem distintas, e muitas vezes você é surpreendido por reflexos dessa convivência.

Reflexo 1 - Qual é o problema em você morar longe?

Não tenho culpa se meu pai construiu todo o nosso império no nosso bairro de subúrbio (rs). Dos bullyings corriqueiros, uma vez ouvi: "Para mim parece nem que é em Fortaleza, parece que é outra cidade". Nunca mais esqueci disso. Sério, uma pessoa dessa não sabe o que é acordar mais cedo que todo mundo, pegar um transporte alternativo com muitas pessoas, passar boa parte do seu dia nele e chegar com roupa amassada, suada e atrasada para assistir a uma aula. Parabéns, você tem condições excelentes! Palmas para você! Seria legal também respeitar quem não é tããão favorecido, não é mesmo?

Reflexo 2 - Gosto se discute?

Neste fim de semana teve uma festa considerada IMPERDÍVEL. "Você não pode perder! Todo mundo vai!" Menos eu.

Não, e nem sou daquele tipo "do contra", e também ADORO frequentar festas badaladas. Eu apenas tenho livre arbítrio de decidir para onde quero ir. Posso?

Uma pessoa no msn me disse: "Meu Deus, não acredito que tu não vai! Como é que tu prefere ir para aquele outro local? Só vai ter gente bonita! Cheio de bons partidos, mulher!" Preferindo, ué. E não senti a menor falta. Prefiro muitas vezes sair para um local mais simples, com gente mais simples - e isso não quer dizer que tal local mais simples implique que seja ruim e tenha "gente feia" - mas que possuam os mesmos valores que eu.

Valores, sabe o que é isso? Não que aconteça com frequência, mas vocês nunca sentiram uma certa sensação de vazio quando estavam nestas festas "de bons partidos"? Isso só acontece comigo?

Reflexo 3 - Twitter e suas "bem nascidas"

Existe um certo perfil no Twitter em que o autor só posta expressões como "aqui estão as mais bem nascidas" ou "os maiores sobrenomes da cidade", e sorteiam cortesias - geralmente para camarotes e espaços VIP's - que são diariamente implorados pelos seguidores.

Crítica 1: O fato de eu não pertecer a alta sociedade não faz de mim uma "bem nascida"?

Crítica 2: Gente, não tenho nadinha contra quem dá RT e participa de promoções para ganhar ingressos e tal - eu mesma participo pra caramba! Ganhar ingresso e ir para aquele evento na faixa, tem coisa melhor? - mas o que critico aqui são o fato de ter pessoas que se submetem a tuitar SUPLICANDO, PEDINDO PELO AMOR DE DEUS, para ganhar aquilo. Ah, você realmente precisa chegar a esse ponto, e muitas vezes nem ganhar nada? Fico passada.

Bom, ao contrário de como posso estar sendo interpretada por aqui, não me sinto pior do que ninguém. Pelo contrário, quem me conhece sabe que sou muito feliz do jeito que sou! =)

E se você se identifica comigo, não sei se te parabenizo ou se te desejo uma boa sorte. O que tenho certeza é que assim como eu, você é uma pessoa de verdade.

domingo, 15 de agosto de 2010

Os delírios de consumo de Priscila Ribeiro

Vocês também podem conferir este texto na íntegra no blog do Ponto Marketing!

www.pontomarketing.com

Não deixem de acessar, vale muito a pena! =)



Bom, com o intuito de ressuscitar o Ócio, que por conta de minha vida social estar mais agitada do que nunca não ando tendo muito tempo, contarei mais um interessante causo (sobre)vivido bravamente neste final de semana.



De acordo com teorias de filósofos da Escola de Frankfurt, o consumidor, como um ser completamente idiota e desatento, ao comprar algo pensa estar satisfazendo sua vontade, assim se sentindo uma pessoa completamente realizada - nem que seja por alguns momentos. A Publicidade entra com seu poder de que ao consumir tal produto, a pessoa se sentirá exclusiva. E aí eu pergunto a vocês: isto ainda se aplica aos dias atuais? Logicamente a maioria irão responder: "Nãããão, nada a ver. O consumidor de hoje é super infomado e antenado. Com a internet e as redes sociais, apenas quem pertence mesmo às classes mais baixas é que ainda pode ser considerado um distraído. Aff, que tema mais clichê, Priscila!" Clichê, é? Pois bem.


Anualmente em Fortaleza, ocorre um grande festival que, na sua teoria, é voltado para um público que curte pop rock. De uns tempos para cá ele andou perdendo força, devido a (frustradas) tentativas de mesclar outros ritmos e por sempre repetirem as mesmas atrações - algumas delas eu já sei até a ordem do repertório! Enfim, os anos foram se passando, o público cativo crescendo e envelhecendo...e o festival também, ao perder seu foco. Até todo o trabalho de comunicação em torno do evento estava deveras cansativo. "E neste ano, advinha quem o evento X trará para Fortaleza? A banda Y! Você não pode perder!". Sério mesmo, a banda Y vem para cá, pela 5ª vez consecutiva? Nossa, hein.


Para comemorar seus 10 anos de existência, resgatar aquele público fiel e conquistar uma geração de gosto duvidoso, resolveram trazer uma grande atração internacional, e melhor ainda: uma que está no auge e que atende a quase todas as preferências! E não aquelas que estão em baixa ou mesmo em fase decadente - que é o que geralmente vemos por aqui. Quanto a divulgação do evento, o grupo de comunicação responsável não deve gastar horrores, pois as emissoras de rádio e TV em que são transmitidas a propaganda são suas pertecentes (tudo bem que para conseguir um espaço para divulgar o seu pão institucional deve-se retirar alguns clientes, e muitos deles importantes para o faturamento das emissoras, mas nada que um bom profissional de atendimento não saiba contornar, não é mesmo?) e com certeza deve ter algum bom acordo e/ ou permuta com a concorrência. Deixar de anunciar na líder? Jamais!


Para quem ouve emissoras de rádio voltadas para o público jovem como eu, deve ter sentido uma baita ansiedade com aqueles teasers: "Faltam 15 dias para ser dado o início às vendas do festival X, que trará a maior banda da atualidade! Você não pode perder!" Agora sim, concordo que não poderei perder. Todos os dias, à medida que ia escutando aquela contagem regressiva sentia um certo desespero, e o pior de tudo é que eu me sentia aterrorizada ao escutar que os ingressos de primeiro lote eram estritamente limitados.


O mais engraçado é que todo mundo em minha volta reclama que não tem dinheiro, que tá tudo muito difícil, que tá cheio de dívidas, que ganha muito pouco no trabalho...e no dia D, este mesmo todo mundo estava alegremente enfrentando aquela fila vergonhosa para buscar o seu passaporte ROCK da alegria. Será que eles desviaram seu sacrificado dinheirinho de gastos "supérfluos" assim como eu, que deixei de pagar a mensalidade da faculdade que já estava atrasada? E eis o melhor argumento: "Quando é que essa atração vem para cá novamente? Vale a pena!". Admito, confesso compartilhar da mesma opinião!


Um dos pontos de venda dos ingressos era em uma loja de departamento (patrocinadora), que a cada 5 passos que você dava, se deparava com mais uma peça linda da nova coleção da marca. Parecia que gritavam: "ME COMPRE!". Por infelicidade do destino, eu estava ali, e a fila demorando demais...tá, eu confesso (de novo) que comprei algumas blusinhas e vestidinhos, mas já estou arrependida, juro! E, incessantemente escutava aquela locução insuportável que dizia para a gente correr que os ingressos já estavam acabando, e que o valor, que já era "singelo" aumentaria no segundo lote. Eu que compraria o camarote por pensar estar com um público mais selecionado, descobri que a maioria que estava ali pensava o mesmo. Droga.


Conclusão: para curtir aquela banda IMPERDÍVEL que provavelmente você nunca mais terá outra chance de ver na vida, terá de esperar, no mínimo, 5 horas numa fila com seres exóticos - desde aqueles que já te consideram uma tia, pedindo dicas porque estão indo pela primeira vez, até os outros que são de sua geração, e que você de tanto vê-los por aí já se sente íntima - com aquela voz que impregna na sua cabeça no maior estilo "Compre Batom, Compre Batom", e com toda a loja te seduzindo. Os vendedores gritavam: "Vamos aproveitar as vendas pessoal! A hora é AGORA!". Ops, alguma mensagem subliminar?


E eu, que se diz ser uma profissional de Comunicação e que conhece de cor todas estas jogatinas de marketing, sou o maior exemplo do consumidor bem informado e que mesmo assim, se deixa levar pelas artimanhas da Publicidade. Mas, o que posso fazer, se as roupas eram lindas e os ingressos iriam acabar logo se eu não comprasse? Sim, estou com um certo sentimento de culpa. Que minha loucura seja perdoada!