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domingo, 15 de agosto de 2010

Os delírios de consumo de Priscila Ribeiro

Vocês também podem conferir este texto na íntegra no blog do Ponto Marketing!

www.pontomarketing.com

Não deixem de acessar, vale muito a pena! =)



Bom, com o intuito de ressuscitar o Ócio, que por conta de minha vida social estar mais agitada do que nunca não ando tendo muito tempo, contarei mais um interessante causo (sobre)vivido bravamente neste final de semana.



De acordo com teorias de filósofos da Escola de Frankfurt, o consumidor, como um ser completamente idiota e desatento, ao comprar algo pensa estar satisfazendo sua vontade, assim se sentindo uma pessoa completamente realizada - nem que seja por alguns momentos. A Publicidade entra com seu poder de que ao consumir tal produto, a pessoa se sentirá exclusiva. E aí eu pergunto a vocês: isto ainda se aplica aos dias atuais? Logicamente a maioria irão responder: "Nãããão, nada a ver. O consumidor de hoje é super infomado e antenado. Com a internet e as redes sociais, apenas quem pertence mesmo às classes mais baixas é que ainda pode ser considerado um distraído. Aff, que tema mais clichê, Priscila!" Clichê, é? Pois bem.


Anualmente em Fortaleza, ocorre um grande festival que, na sua teoria, é voltado para um público que curte pop rock. De uns tempos para cá ele andou perdendo força, devido a (frustradas) tentativas de mesclar outros ritmos e por sempre repetirem as mesmas atrações - algumas delas eu já sei até a ordem do repertório! Enfim, os anos foram se passando, o público cativo crescendo e envelhecendo...e o festival também, ao perder seu foco. Até todo o trabalho de comunicação em torno do evento estava deveras cansativo. "E neste ano, advinha quem o evento X trará para Fortaleza? A banda Y! Você não pode perder!". Sério mesmo, a banda Y vem para cá, pela 5ª vez consecutiva? Nossa, hein.


Para comemorar seus 10 anos de existência, resgatar aquele público fiel e conquistar uma geração de gosto duvidoso, resolveram trazer uma grande atração internacional, e melhor ainda: uma que está no auge e que atende a quase todas as preferências! E não aquelas que estão em baixa ou mesmo em fase decadente - que é o que geralmente vemos por aqui. Quanto a divulgação do evento, o grupo de comunicação responsável não deve gastar horrores, pois as emissoras de rádio e TV em que são transmitidas a propaganda são suas pertecentes (tudo bem que para conseguir um espaço para divulgar o seu pão institucional deve-se retirar alguns clientes, e muitos deles importantes para o faturamento das emissoras, mas nada que um bom profissional de atendimento não saiba contornar, não é mesmo?) e com certeza deve ter algum bom acordo e/ ou permuta com a concorrência. Deixar de anunciar na líder? Jamais!


Para quem ouve emissoras de rádio voltadas para o público jovem como eu, deve ter sentido uma baita ansiedade com aqueles teasers: "Faltam 15 dias para ser dado o início às vendas do festival X, que trará a maior banda da atualidade! Você não pode perder!" Agora sim, concordo que não poderei perder. Todos os dias, à medida que ia escutando aquela contagem regressiva sentia um certo desespero, e o pior de tudo é que eu me sentia aterrorizada ao escutar que os ingressos de primeiro lote eram estritamente limitados.


O mais engraçado é que todo mundo em minha volta reclama que não tem dinheiro, que tá tudo muito difícil, que tá cheio de dívidas, que ganha muito pouco no trabalho...e no dia D, este mesmo todo mundo estava alegremente enfrentando aquela fila vergonhosa para buscar o seu passaporte ROCK da alegria. Será que eles desviaram seu sacrificado dinheirinho de gastos "supérfluos" assim como eu, que deixei de pagar a mensalidade da faculdade que já estava atrasada? E eis o melhor argumento: "Quando é que essa atração vem para cá novamente? Vale a pena!". Admito, confesso compartilhar da mesma opinião!


Um dos pontos de venda dos ingressos era em uma loja de departamento (patrocinadora), que a cada 5 passos que você dava, se deparava com mais uma peça linda da nova coleção da marca. Parecia que gritavam: "ME COMPRE!". Por infelicidade do destino, eu estava ali, e a fila demorando demais...tá, eu confesso (de novo) que comprei algumas blusinhas e vestidinhos, mas já estou arrependida, juro! E, incessantemente escutava aquela locução insuportável que dizia para a gente correr que os ingressos já estavam acabando, e que o valor, que já era "singelo" aumentaria no segundo lote. Eu que compraria o camarote por pensar estar com um público mais selecionado, descobri que a maioria que estava ali pensava o mesmo. Droga.


Conclusão: para curtir aquela banda IMPERDÍVEL que provavelmente você nunca mais terá outra chance de ver na vida, terá de esperar, no mínimo, 5 horas numa fila com seres exóticos - desde aqueles que já te consideram uma tia, pedindo dicas porque estão indo pela primeira vez, até os outros que são de sua geração, e que você de tanto vê-los por aí já se sente íntima - com aquela voz que impregna na sua cabeça no maior estilo "Compre Batom, Compre Batom", e com toda a loja te seduzindo. Os vendedores gritavam: "Vamos aproveitar as vendas pessoal! A hora é AGORA!". Ops, alguma mensagem subliminar?


E eu, que se diz ser uma profissional de Comunicação e que conhece de cor todas estas jogatinas de marketing, sou o maior exemplo do consumidor bem informado e que mesmo assim, se deixa levar pelas artimanhas da Publicidade. Mas, o que posso fazer, se as roupas eram lindas e os ingressos iriam acabar logo se eu não comprasse? Sim, estou com um certo sentimento de culpa. Que minha loucura seja perdoada!

2 comentários:

Unknown disse...

Deixe de ser gastadora, girl

Tava olhando, está vendendo on-line, mas com uma taxa de 12% a mais... O que é absurdo

Se a atração é internacional, porque não vendem por telefone e pela internet sem a necessidade de uma taxa tão absurda?

Preços salgadissimos hein???

Anônimo disse...

Eu também estou com a mesma vontade. Mas como há limitações financeiras, ainda não comprei.

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